Camané

Memórias de um chapéu

Camané
Quisera então saber toda a verdade
De um chapéu na rua encontrado
Trazendo a esse dia uma saudade
D´algum segredo antigo e apagado
Sentado junto à porta desse encontro
Ficando sem saber a quem falar
Parado sem saber qual era o ponto
Em que devia então eu começar

Parada na varanda estava ela a meditar
Quem sabe se na chuva, no sol, no vento ou mar
E eu ali parado perdi-me a delirar
Se aquela beleza era meu segredo a desvendar
Porém apagou-se a incerteza
Eram traços de beleza os seus olhos a brilhar
E vendo que outro olhar em frente havia
Só não via quem não queria da paixão ouvir falar

Um dia entre a memória e o esquecimento
Colhi aquele chapéu envelhecido
Soltei o pó antigo entregue ao vento
Lembrando aquele sorriso prometido
As abas tinham vincos mal traçados
Marcados pelas penas ressequidas
As curvas eram restos enfeitados
De um corte de paixões então vividas

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