Fagner

Sem teto

Fagner
Tu tens o gosto amargo da cerveja
E a água benta das igrejas
Na saliva que me passas
Quando me beijas
Quando me abraças
Parece que meu coração troveja
Tu tens o óleo diesel das carretas
Das pick-ups, motonetas
Passeando em tuas veias

Robô cheia de amor
Cheia de vida
Minha máquina querida
Locomotiva meu bem

Meu trem correndo os trilhos do teu corpo
Ferrovia do desejo, maresia do meu porto
Eu sou o teu nublado aeroporto
Sobrevoas minha pista
E sabes que eu não tenho teto

Sou teu navegador
Teu co-piloto
Teu marmanjo
Teu garoto
Anjo torto em tuas nuvens

Tu vens na ventania
Abrir meu tempo
Ensolarado eu me apresento
Quando ele não vem
Vem que eu te complemento

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