Ás vezes nunca
Humberto gessingerPra amores secretos, revistas semanais e deputados federais
Às vezes nunca sei se as vezes leva crase
Às vezes nunca sei em que ponto acaba a frase
Você sempre soube (eu não sabia)
Toda frase acaba num riso de auto-ironia
Você sempre soube (eu não sabia)
Toda tarde acaba com melancolia
E, se eu escrevesse 100 com S
Ou escrevesse cem com C?
Por acaso faria alguma diferença?
Que diferença faria?
O que você faria no meu lugar
Se tivesse que dizer, mas não quisesse falar
Se não entendesse a própria letra?
Se nunca encontrasse a tampa da caneta?
Você sempre soube que eu não entenderia
O que você quer dizer quando silencia
Você sempre soube (eu não sabia)
Quem sabe no outro dia?
É como ficar esperando cartas que nunca vão chegar
Não vão chegar com X nem vão chegar com CH
É como ficar esperando, cartas que ninguém escreve mais
É como ficar relendo velhas cartas no fim de uma tarde sem fim
Você sempre soube, eu não sabia
Você sempre soube, eu não sabia
Você sempre soube, eu não sabia
Você sempre soube, eu não sabia