Barrerito

Morto por dentro

Barrerito
Este meu corpo que vocês veem perambulando
É minha sombra que hoje vale menos que nada
Vivo por fora, morto por dentro, sou um retalho
Que após usado jogaram fora junto a uma estrada
Aquela ingrata usou meu corpo o quanto pôde
O meu dinheiro, minha saúde, minha mocidade
Quando o cansaço gelou a vida abandonou-me
Sem perguntar se eu viveria só de saudade

Morto por dentro, vivo por fora
Uma fumaça que eu sou agora
Pois quem me vê, hoje ignora
Um homem forte que eu fui outrora

Trabalhei tanto para o sustento desse teu luxo
Fui me cansando e ela jovem sempre mais bela
Não pude mais acompanhá-la em seus passeios
E fiquei sendo um grande estorvo na vida dela
Não me apedrejem se me encontrarem pelas sarjetas
Nem me ofereçam uma cachaça num bar imundo
Por causa dela que destruiu tudo que eu tinha
Eu sou agora um grão de areia menor do mundo

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