Anjo lúcido
Celso fonseca
Enquanto minha guitarra chora,
Um galo no quintal
Asa cortada, crista vermelha
Liberta seu canto lá fora
Um galo no quintal
Asa cortada, crista vermelha
Liberta seu canto lá fora
Você parece uma dama
Que carece de acalanto
Durma bela adormecida, durma
Com semelhante barulho
E não acorde tão cedo, tão cedo
Pego o cabo da tesoura e corto
O fio do nosso enredo
O galo cantou, o dia raiou
Um flash perverso clareou minha tela, Stella
Tire seu sorriso do caminho
Tire sua costela da reta
No meu dicionário
Casa quer dizer corte de asa
No meu Aurélio
Casa rima com apagar a brasa
Porta aberta, encruzilhada
Linha torta, estrada enviezada
E eu , tonto de luz, anjo lúcido
Prefiro pedra dura de beira de rio
A sua cama fofa, travesseiro macio
Oh meu conto de fada, minha bela
Adormecida
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