César oliveira

Lâmpana

César oliveira
A intempérie quem vem da banda oriental
Se dando volta arrepia o firmamento
Pois o inverno que mete a cara e se ajeita
Trás seus anseios no contraponto dos ventos

Esta lâmpana eu pede boca e se agranda
Virando o pêlo do eguedo da manada
É a promessa de que o tempo será malo
Templando enchentes e aragem fria das geadas

Mais uma vez os ranchos pobres da fronteira
Serão trincheiras dos índios de sangue quente
Por que o inverno desta vez será bagual
E aos poquitos vai castigando está gente

Sorte paisano pois não falta um fogo grande
Que tenha brasa de sobra pra dois parceiros
Quem acolhera corpo e alma, labaredas
Sabe que o frio jamais entanguiu fronteiro

Então mateio num rancho que fiz pra dois
Pena que tantos não têm a mesma sorte
Porque o destino é uma tormenta mui braba
Que aquebranta quem não tem um corpo forte

Mas menos mal que a primavera é uma esperança
Do índio quebra que a vida surra na calma
Se o sol é um poncho que aquenta carne e osso
O frio do inverno não logra o calor da alma

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