Dealema

Quando o amor se torna veneno

Dealema
O bem, o mal, a vida, a morte, amor, veneno...

Acordei, lavei a cara e olhei-me ao espelho
O tempo parou, mas eu por fora estou mais velho
E por dentro respiro fundo, deixo-me ir ao fundo
Conto pelos dedos as noites que já não durmo
Diz-me porquê tens tanta raiva por dentro
Converterei o teu ódio no mais profundo sentimento
Levarei os teus olhos a visitarem o meu interior
Dar-te-ei tudo o que tenho, em troca do teu amor
O calor e o reconforto do teu corpo que aquece o
meu
Que com os anos vai parecendo morto
E a inocência desvaneceu-se no bater dos ponteiros
do relógio
Pergunto-me a mim próprio
Guerra santa, fome tanta, religião profana
Não vês que o rumo da vida muda constantemente
Depende da opção tomada
Sê Homem e sofre as consequências dos teus actos
Ser-te-ão pagos na mesma moeda
Tudo aquilo que nos desejas terás o triplo dessa
merda
Seja amor ou seja inveja
Afogam-se mágoas em canecas de cerveja
Situação ridícula, a vida é uma película
E nós os actores principais
E quando alguém morre não há duplos, são mortes
reais
Nunca mais voltará a ser como era
A não ser os corações que continuarão a ser de
pedra
A não ser as pessoas que continuarão a ser
hipócritas
E quando nada tiveres todos te voltarão as costas
Mas na solidão encontrarás a consciência
Procura dentro de ti porque cada um vai por si

Quando o amor se torna veneno e a vida muda
Mas as impurezas purificam-se com chuva
São mágoas afogadas em águas passadas
Pessoas íntimas tornam-se inimigas
E o vento leva a memória das nossas vidas
Como folhas já castanhas, que o sol ilumina
As nossas almas, só mais uns dias
Dias quentes são noites frias.

Será que estás satisfeito com a vida que vives?
Olha para dentro um momento e quebra limites
Pessoas felizes voam como pássaros livres
Momentos alegres fazem esquecer cicatrizes
Das punhaladas nas costas daqueles de quem mais
gostas
Da língua perversa que faz de ti assunto de
conversa
Cuidado com a inveja e os efeitos nefastos
Sobre quem a venera e manifesta
Apresenta perdão ao teu irmão, de pomba branca na
mão
Esquece o ego, cego, que enlouquece
E quando um rude golpe na alma a fizer rebentar
Quando já não tiveres mais lágrimas para chorar
O Amor cura, nunca caduca, o ódio fere
Existe a justiça solene, que resiste numa folha
perene
Que não desiste, que persiste, enquanto não alcances
não descanses
Pois nada será como dantes
Depois de buscas incessantes levaremos avante
O nosso barco a bom porto
Com o nosso suor, com o nosso sangue, o nosso povo
sairá triunfante
Não existe diferença entre carvão e diamante
Tudo aparece no tempo certo, Deus nunca esquece o
seu projecto
Sempre dará alimento, o universo conspira se for bom
o investimento
Se o fim for altruísta a meta estará à vista, quem
não arrisca, não petisca
Agora o egoísta que desista, nem insista à nossa
vista
Se o fim se justificar o meio vai-se proporcionar
Pode demorar, pode desvanecer, mas nunca vai morrer
Nunca digas nunca, pois quando sem dificuldade se
vence sem prazer se triunfa
Percebes?! É simples: faz as tuas preces, pedes e
verás que recebes
Mas com calma, porque uma vez não são vezes
Não dês com a língua nos dentes antes de fazeres o
que queres
Gastas energia com palavras e é só nos actos que
perdes

As impurezas purificam-se com chuva
São mágoas afogadas em águas passadas
Pessoas íntimas tornam-se inimigas
E o vento leva a memória das nossas vidas
Como folhas já castanhas, que o sol ilumina
As nossas almas, só mais uns dias
Dias quentes são noites frias

Amor, veneno, um sentimento extremo
O maior pesadelo é acordar todos os dias como se
fosse o mesmo
O medo faz-nos perder o horizonte dos nossos sonhos
Imbuído na dor tens de encontrar
Algo que verdadeiramente possas amar
Talvez um ritmo, talvez uma flor, talvez um filho
Talvez um sítio, uma sinfonia de violinos ou
simplesmente o brilho da lua no rio
Envenenado, sai purificado da montanha
A brilhar como o azevinho, como o orvalho da
madrugada
Sentimentos puros que se soltam
Como as últimas folhas de Outono levadas pelo vento
Mas elas voltam para te fazer brilhar na aurora da
história
Porque como cristais, os cisnes ainda permanecem
imaculados nos lábios da memória
Então aprendi, vivi o dia como se fosse o último
Senti a chuva como se fosse a última
Beijei a mulher como se fosse a única
O sofrimento numa guitarra, em dedilhado o nosso
fado
Faz chorar as pedras da calçada
A caminho de casa, um sentimento triste invade as
nossas almas
Pela falsidade envenenadas
Mas a verdade esconde-se por detrás das máscaras
A verdade esconde-se por trás das músicas
A verdade esconde-se por trás das túnicas
Que cobrem a face de belas escravas asiáticas
A beleza de poesias leva-te às falésias místicas
Onde o brilho do atlântico revela as vistas
paradisíacas
E onde o espírito da luz se move sobre a face das
águas límpidas
Respiro sons profundos
Envolvidos por bolhas de ar que libertadas de seres
aquáticos
Elas sobem à tona e emergem enviadas dos mais
complexos aquários
E nós não contemplamos, todos esperamos
Pelo dia em que a terra prometida vem
Pelo dia em que a paz vem
Mas isso é algo que vem todos os dias
Quando a lua nasce e quando o sol se põe

Quando o amor se torna veneno e a vida muda
Mas as impurezas purificam-se com chuva
São mágoas afogadas em águas passadas
Pessoas íntimas tornam-se inimigas
E o vento leva a memória das nossas vidas
Como folhas já castanhas, que o sol ilumina
As nossas almas, só mais uns dias
Dias quentes são noites frias

Real ou não real
Sentido e fatal, ao mesmo tempo
Amor, veneno, veneno, amor, veneno
É difícil ser lembrado mas é fácil ser esquecido
Amigo, inimigo, escondido o genocídio
O quinto elemento será a salvação das massas
Nas mãos erradas é uma faca com duas lâminas
Celibato mental contacto ou fenómeno psíquico
Mas a verdade é que ninguém sabe explicá-lo
Amor por vezes é comido pelo veneno
Onde um beijo se pode tornar no cunnilingus ou um
demónio
No Ódio, o homem esconde mil e uma facetas
Umas dentro de outras, como bonecas holandesas
Mau carma, confiança, amor, desconfiança
Sentimentos platónicos divididos como castas
O que separa o amor do medo
Violência debaixo do mesmo tecto sobre a barreira do
silêncio
Dedico estes versículos a todos filhos da puta sem
testículos
Que transformam lágrimas de mulheres em gritos
Quando o amor se torna veneno a vida muda
E a semente do ódio é regada pela chuva

O amor parte de nós
Temos que começar a reflectir naquilo que damos
A reflectir naquilo que tiramos
E o nosso sonho...
O nosso sonho somos nós que o fazemos
A cada hora que passa
A cada dia que passa
É algo que pode estar presente
Em nós, a cada momento
Guardamos ressentimentos e ódio no nosso coração
Mas até mudarmos por dentro
Toda a gente na tua vida
Toda a gente na nossa vida
Há-de ir e há-de vir como o vento
A princesa das neves mais brancas
Também cria as nuvens mais cinzentas
E é ela que cria as tempestades mais frias e
gélidas
Quando o amor se torna veneno
A vida muda..

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