Gabriel o pensador

Pé d'água

Gabriel o pensador
Vivemos na correria
Estamos sempre apressados.
Prá lá e prá cá todo o dia
Todo mundo estressado.

Às vezes até encontramos
Um conhecido do bairro.
Dizemos um, "Oi, tudo bem"?
Tchau, estou atrazado!

Andamos pela cidade
No meio da multidão.
Sempre muito calados
Cheios de solidão.

O nosso tempo é contado
Não dá prá ficar parado.
Há tanta coisa a fazer
Corremos prá todo lado.

Mas, Deus as vezes intervem
E nos dá uma colher de chá
Manda uma chuva ligeira
E nos obriga a parar.

E mesmo contrariados
Buscamos injuriados
Onde nos abrigar.
Até a chuva passar.

E quando corremos zangados
Debaixo de uma marquize.
Olhamos prá quem está ao lado
E como estamos parados
Sem nada para fazer
Começamos a dizer:
Que tempo mais esquisito!
Isso é hora de chover?

O tempo mudou de repente
Saí de casa com sol!
E vem essa chuvarada
Que só empata a gente!
Meu carro está longe daqui
Eu não quero me molhar.
Meu patrão que me desculpe
Só saio se a chuva parar.

E a moça bonita ao lado
Fala agoniada:
-O ponto do ônibus é longe
E essa chuva danada!
Tenho consulta marcada
Taxi nem aparece
E já estou atrasada
Que dia! Ninguém merece!

E outro comenta também
O clima mudou, com certeza.
É tudo culpa do homem
Que destrói a natureza.
Esse pé d'agua vai longe
Olha só a correnteza!
Me empresta o telefone
Vou avisar a Teresa.

E continuam a conversa
Falam dos compromissos
Mas, já que perderam a hora
Contam aonde moram
Onde é seus "serviços"
Dos filhos que moram "fora"
Do surto de gripe da hora
Da inflação que assola.

Falam da insegurança
Que assola o nosso país
Da pobreza que só cresce
Do dólar que sobe e desce
Daquele acidente infeliz
Do time do coração
E com esperança diz:
Ah, vai ser campeão!

Enquanto a chuva cai
A prosa fica até boa
Mas, é só dar um estio
E todo mundo se vai
Cada um pro seu destino
Sem perceber o presente
De Deus juntando pessôas
Numa chuva irreverente!

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