Jairo lambari fernandes

Na boca da noite grande

Jairo lambari fernandes
Na boca da noite grande...
O silêncio se enternece
Uma cambona se aquece
No braseiro do fogão

Sinto brotar no rincão
Um cantar de "nazarenas"
E a noite fica pequena
Na grandeza de um galpão

Na boca da noite grande...
Hai vida pelas canhadas
Rumores das madrugadas
E romances em pelegos

Chinas que contam segredos
E peões quem morrem nos braços
Das que sofrenam mormaços
Nos golpes suaves dos dedos..

Refrão
Na boca da noite grande..
Fantasmas arrastam chilenas
Índios de barbas melenas
Chapéus de copa batida

Homens de outras vidas
Que habitam os galpões
Reacendendo fogões
Das madrugadas compridas..


Na boca da noite grande...
Relembram lidas e vidas
As chegadas e partidas
Potreadas e corredores

Velhos recuerdos de amores
Que por mais que o tempo passe
Se reacende e renasce
No canto dos pajadores..

Na boca da noite grande
As bruxas andam teatinas
Nos potreiros trançam crinas
Da cavalhada gaviona

A noite é uma temporona
E sempre será parceiro
Porque meu canto fronteiro
É pátria guitarra e cordeona

Refrão
Na boca da noite grande...

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