Leandro borges

O diário de um leproso

Leandro borges
Ninguém me tocou, ninguém me abraçou
As feridas se formaram em meu corpo
E pouco a pouco começaram me evitar
Ninguém me tocou, nem se quer um aperto de mão
Quando passava pelas ruas, minha presença incomodava
E alguém gritava, dizendo assim, Leproso Imundo
Escondiam seus filhos pra não me ver
De mim se afastavam só pra não correr o risco
De se descuidar e em mim esbarrar
Ninguém me tocou até hoje

Porque hoje aconteceu algo bem diferente
Encontrei na estrada um homem cercado
Por muita gente , em meio às feridas, nasceu
A fé e então eu gritei
Mestre, se quiseres, torna-me limpo

E quando me viram, todos deram um passo pra trás
Ele foi diferente, começou caminhar em minha direção
Esconderam sua face, mas ele olhou dentro
Dentro dos meus olhos
Eu senti o seu amor como um rio me inundando

E ele me tocou, e disse: Eu quero. Seja limpo

E agora eu posso testemunhar
Eu estou curado, eu estou curado
Ainda posso lembrar do amor e seu olhar
Quando de mim se aproximou
Somente um toque, um simples toque
A mão que criou as estrelas
Não se importou com as minhas feridas
E me tocou, Jesus me tocou

E quando olhei, eu não encontrei mais feridas
Em mim
Quem se afastava, agora sorrindo vem me abraçar
Eu ando na rua e os meus vizinhos me apertam
A mão, os meus filhos me beijam e eu sento
A mesa pra partir o pão
E quando caminho, eu piso e sinto o chão
Sob os meus pés
Eu entro no templo e com alegria eu louvo
Ao Senhor
Maior que a cura foi o amor que por mim
Demonstrou
Poderia curar-me com uma palavra
Mas me tocou
Jesus me tocou, ele me tocou

Eu estou curado

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