Bodas de ouro sem festa

Joaquim Batista de Sousa
Filho de Chico Luiz
Em sessenta e dois casou-se
Com Maria Beatriz
E depois de se casar
O casal foi trabalhar
Cada um no seu setor
Ela como professora
E Joaquim na lavoura
Porque era agricultor

Joaquim e Beatriz
Não conseguiram enricar
Mas umas coisinhas eles
Conseguiram arranjar
Conseguiram uma casinha
Com o terreiro cheio de galinha
Pato, peru e guiné
E com mais um esfocinho
Compraram um carro velhinho
Para não andar de pé

Conseguiram um curral
Cheio de gado, ovelha e bode
Coisas que qualquer pessoa
Querendo conseguir pode
E então seu Joaquim
Saiu da vida ruim
Mais a Dona Beatriz
Dentro de sua guarida
O casal levava uma vida
Que parecia feliz

Tiveram quatorze filhos
Todos casaram também
E de novo o casal
Ficou só sem mais ninguém
Mas numa bonita pose
E no ano dois mil e doze
Joaquim e Bia, o casal
Sem problemas e sem danos
Completou cinquenta anos
De união conjugal

Na noite antes do dia
Que eles iam completar
Cinquenta anos de vida
Casados dentro do lar
Toda contente e feliz
A Maria Beatriz
De Joaquim chega pertinho
E pra ele vai dizendo
- Amanhã nós tá fazendo
Bodas de ouro, benzinho!

E pra nós comemorar
Bodas de ouro, meu bem
Vamos fazer uma festa
Com os bichos que a gente tem
Já que são bodas de ouro
Você vai matar um touro
Um bode e um carneiro
Eu da minha parte mato
Galinha, peru e pato
E guiné do meu terreiro!

Seu Joaquim respondeu
Com uma raiva infeliz
Dizendo dessa maneira
Para Dona Beatriz
Fazer isso não convém
Qual é a culpa que têm
Os pobres dos animais
Hein, Maria Beatriz!
Por um erro que eu fiz
Cinquenta anos atrás?