Romulo fróes

A anti-musa

Romulo fróes
A válvula da panela girava
A cozinha suava vapor de sopa quente
Sentado na cadeira de fórmica
O cantor no corner da música pensava nela finalmente

A anti-musa fritando contente bolinhos de chuva
Sua cabeça pendia e rolava no azul do ladrilho
A lagartixa subindo rente ao rejunte do azulejo
O cantor no corner da música pensava nela finalmente

A anti-musa
Ao sul da janela
Quem era ele?
Quem era ela?
A anti-musa
Ao sul de Ipanema
Quem era ele?
Quem era ela?


A válvula da panela girava
Ipanema a todo vapor aqui dentro e lá fora
Sentado de frente pra Santa Ceia
O cantor no corner da música pensava nela de repente
A anti-musa na foto do bottom de geladeira
Sua boca no olho de peixe da lente da máquina
O vapor no blafon da lâmpada fluorescente
O cantor no corner da música pensava nela simplesmente

A anti-musa
Ao sul da janela
Quem era ele?
Quem era ela?
A anti-musa
Ao sul de Ipanema
Quem era ele?
Quem era ela?

A válvula do gás vedada a espuma
O bujão borbulha sabão
Sentado na beira da mesa de fábrica
O cantor no corner da música pensava nela normalmente
A anti-musa rolava um Marlboro no meio dos dentes
Sua conversa fugia e acabava na pólvora quente presente
Quem vai dizer presente?
O cantor no corner da música pensava nela finalmente

A anti-musa
Ao sul da janela
Quem era ele?
Quem era ela?
A anti-musa
Ao sul de Ipanema
Quem era ele?
Quem era ela?

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