Brankobran

Eu e minha caneta

Brankobran
To eu e minha caneta, fiel caneta
Poder bélico de uma beretta, sacou qual é a treta?
Pretensão minha é cantar para o planeta
Se eu não boto a cara pra rimar nem em festa de careta
Eu tenho um poder fudido na minha mão,
Mas o medo de usar me limita na minha prisão
Faço meu quarto de laboratório, minha janela de observatório
Sei que é notório minha frustração

Eu já não sei por quem eu luto, eu já não quem são meus manos
Minha família diz que é fase que eu to preso a uns 10 anos
Quero falar de política mas eu to descrente, que de repente
Me pego tão egocêntrico nos meus repentes
Falaria de rua, conheço a essência de perto
Mas falar de rua ficou tão démodé, eu não to certo?
Eu não vou usar frases de efeito do foucault
Nem de nietzsche ou quintana se eu também sou pensador, morô?

To eu e minha caneta, fiel caneta
Dentro do meu quarto fingindo ser algum poeta
Se a caneta já foi arma, pra mim, virou muleta
Desculpa pra não ver a verdade na minha reta
Ainda to no meu quarto, pensando merda atrás de merda
Porque não sou que nem minha vó, essas merdas não se herda
Minha mente anda lerda, não é por falta de exercício
Tá tenso, eu só penso, até penso que é um vício

Caneta virou muleta, quando eu me tornei bisonho
Ao ponto de usar meu sonho contra o meu próprio sonho
Garoto antes risonho, sedento por movimento
Agora tristonho, relutante até contra o vento
Eu que antes dava moral pra quem chegava
Me vejo de braço cruzado, criticando como o cara rimava
Em cima do palco, grande merda que eu sou
Criticando quem tá no palco, mas lá em cima eu nem to

Eu vejo vários conquistando um espaço
E eu perdendo o meu, se é que
Não perdi ou já mandei ele pro espaço
Não to me dando por vencido não, to a esmo
Decepcionado comigo mesmo
To eu e minha caneta, fiel caneta
Dentro do meu quarto fingindo ser algum poeta
Se a caneta já foi arma, pra mim, virou muleta
Desculpa pra não ver a verdade na minha reta

Jogar a culpa de tudo no sistema é tão covarde
O sistema somos nós, e dele fazemos parte
Eu mesmo tenho errado, e nunca ponho como tema
Sabe né? Pique terceirização dos meus problemas
To eu e minha caneta, eu penso, e ela escreve
Antes que acabe a tinta, eu sinto, minha mente ferve
Letras escritas mas muita delas rasgadas, mandadas pro beleléu
Deletadas com shift + del

Minha caneta é minha bússola forte (não é sorte)
Uma letra bem feita me leva ao norte (com suporte)
Vivo a vida por esporte, torço pra que eu mesmo não me boicote
Louco sonhador igual dom quixote
A vida é dura, viro páginas e seco lágrimas
E o diafragma empurra rimas como magmas
É com certeza, a minha auto defesa desse planeta
Por isso guardo na gaveta, a minha arma, minha caneta

To eu e minha caneta, fiel caneta
Dentro do meu quarto fingindo ser algum poeta
Se a caneta já foi arma, pra mim, virou muleta
Desculpa pra não ver a verdade na minha reta

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