Canhoto

Abismo de rosas

Canhoto
Ao amor, em vão fugir, eu procurei
Pois tu, breve, me fizeste ouvir a tua voz
Mentira deliciosa
E, hoje, é meu ideal um abismo de rosas

Onde a sonhar
Eu devo, enfim, sofrer e amar!
Mas, hoje, que importa
Se tu'alma é fria
Meu coração se conforta
Na tua própria ironia

Se há, no meu rosto
Um rir de ventura
Que importa o mudo desgosto
De minha dor, assim, sem fim
Se minha esperança
O que não se alcança
Sonhou buscar
Devo calar, hoje, o meu sofrer
E, jamais, dele te dizer

O amor, se é puro
Suporta obscuro
Quase a sorrir, a dor de ver
A mais linda ilusão, morrer

Humilde, bem vês que vou
A teus pés levar
Meu coração, que jurou
Sempre ser amigo e dedicado
Tenha, embora, que viver
Neste sonho enganado
Jamais direi
Que, assim, vivi
Porque te amei!

Ao amor, em vão fugir, eu procurei
Pois tu, breve, me fizeste ouvir tua voz
Mentira deliciosa
E, hoje, é meu ideal um abismo de rosas

Onde a sonhar
Eu devo, enfim, sofrer e amar!
Mas, hoje, que importa
Se tu'alma é fria
Meu coração se conforta
Na tua própria ironia

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