Escrevi o teu nome na linha-férrea
Para que o pudesses ler
Mas tu passaste a 100 à hora sem tempo para o ver
Fiz outra tentativa e escrevi no alcatrão
Mas nessa tosca avenida não passou o teu avião

Tens um nome delicado
Não se pode escrever
É preciso entrar em ti
Para te puder conhecer
Não é nome que se diga
Não é nome de mulher
É da cor do teu vestido
É do teu jeito de ser

Daqui a alguns dias toda a cidade estava pinta de
rosa
E por todos os lugares lia-se o teu nome em prosa
Mas de ti nem um sinal nem se quer uma notícia
A tua ausência prolongada era já caso de polícia

Tens um nome delicado
Não se pode escrever
É preciso entrar em ti
Para te puder conhecer
Não é nome que se diga
Não é nome de mulher
É da cor do teu vestido
É do teu jeito de ser

Tenta só mais uma vez escrever-te na terra molhada
E da noite para o dia eras uma semente germinada

Tens um nome delicado
Não se pode escrever
É preciso entrar em ti
Para te puder conhecer
Não é nome que se diga
Não é nome de mulher
É da cor do teu vestido
É do teu jeito de ser

"Belzebu" Gonçalo

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