Don balladi

Ninho de cobras

Don balladi
Vejo uma roda de manos
E a morte passar
Vejo uma roda de doidos
Sentados na calçada enfumaçada
Vendo o mundo e o tempo passar
Animais vem maquinados
Maquinada proteção popular
Fogo nas ruas do gueto
O guia quebrou
A casa caiu

Click! Click!
Vieram para fazer a limpeza
Vieram agitar a festa
Dando ta- pa pa
Ela ma- ta ta
Fim para os manos daqui
Fim para os manos de lá
Faz a ra- pa pa

Para uns representa uma boa e
Longa noite de sono
Para outros o julgamento instantâneo
Olhares de sangue
Eles são os donos
Ouço a sirene tocar
Apontam um longo cano e já
Pra! Pra!
Sobe um, dois, três
De uma só vez
O trabalho sujo foi feito
O silêncio permanece perfeito
Polícia o assassino!
O assassino está á solta
Cuidado!
Contra o paredão!
Não pode reclamar
Contra o paredão!
Na mira está
Quem tem grana pode se libertar
Pura mà – fia
Uh! Uh! Uh!
Vai e vem os urubus
Que te manda pro azul
Puta, puta louca!
Bum! Bum! Bum!
De norte, sul – fato
Leste, faro – oeste
Derrubam assassinos
Só que entre os assassinos
Os piores da espécie
Metem tiros nos filhos enquanto a família protege
Passam dessas para melhores ou piores
Quem sabe

Esse é o nosso ninho de cobras
Ninho de cobras

Daqui a anos serão
Muitos corpos no chão
Daqui a anos serão
Poucos justiceiros nas ruas
Poucos carniceiros na lei
O povo entre os tiros
Nunca soube o que fazer
São paulo está se armando
Pode crê! E você?
Contribui para violência, ingorâcia ou inteligência
Quero ver, tem que ter proceder
Pois não usamos fardas
Nem colete á prova de balas
Lá em cima alguém te abre os braços
Lá em baixo alguém te aguarda
Mais uma velha senhora chora
Chora em nova cova
Já não há mais abrigo
Debaixo de sua saia
E agora? Como é que fica?
Só rezar não adianta
Desesperada ela paga para
Fazer justiça
A justiça das ruas contra
A justiça da lei
Quem resiste mais tempo
Eu não sei
Competição no gatilho
Gatilho na competição
Armas, balas, ação!
Rajadas é a língua da revolta
Rajadas nunca trará seu filho de volta
Não se sabe quem está certo
Mais só um lado leva vantagem
Os que ajem com impunidade
Ambos estão errados
Menos um, menos um
Menos um, dois, três
Até quando essa merda vai permanecer?

Esse é o nosso ninho de cobras
Ninho de cobras

Esse é o tribunal
De pobres, pretos, putos e sujos
É o que ouço
Esse é o tribunal das ruas entre
Cidadão, polícia e ladrão
Tenção obriga o povo a
Fazer justiça com as próprias mãos
Funciona a lei do silêncio
Funciona a lei do cão
Aqui funciona leis?
Caçadas á domicílio
Caçadas á dormitório
Aqui todos são suspeitos até que
Provem o contrário
Queima, queima roupa!
Logo zum! Zum! Zum!
Brasil em exame social um á um
Veja os políticos na televisão
Então, se os poderosos são bandidos
Qual exemplo á população?
Que na mixéria se aflita
Mas não agita
Sem controle alguém grita
Filho da puta!
Puxaram o dedo véio
Menos um mano na fita
Em nossa curta metragem
Aconteceria tudo de novo
Nem que o país mudasse de nome
Nem que o governante estivesse morto
Quando obrigam um ou outro
Que entre, entre no carro
“Seu cretino safado!”
Vamos dar uma volta
Só uma volta
Uma volta que nunca volta!
Quatro velas, uma prece, um abraço!
Eu, você, quem será o próximo?

Esse é nosso ninho de cobras
Ninho de cobras

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