Gangue 13

No sorrir ou no sofrer

Gangue 13
Irmão eu chego achar engraçado o modo como agente vive
Muitos adoram ouvir isso, mas presenciar o bagulho é triste
Olho pros meus manos e começo pensar
Sei lá, talvez do que precisassem fosse um lugarzinho pra chorar
Pra organizar seus pensamentos, sozinho
Mas na vontade de esquecer o mundo, sobe a fumaça do verdinho
Deixando desejos pelo caminho, como grana e poder
Ter uns pano, um Cartier, ou simplesmente o dom do "saber"
A vida não foi gentil com você, nego comigo também não
Olhando a chuva de granizo eu exercito essa percepção
Nesse tempo frio aceito quando a solidão me atinge
Hoje não quero ouvir ninguém até que o dia termine
Isso vem me fazendo bem um pouco de silêncio e pã
Só que eu sei que é ilusão, vai ser diferente pela manhã
sempre a mesma fita vai movimentando o gueto
Vagabundo quer estatus na vila e vai correndo pelo dinheiro
Aprendendo a viver, eu vivo aprendendo
Vivendo um grande segredo chamado efeito tempo
Sou só mais um negro tentando me manter perto
Eu mando minha rima com o Gangue como um confessionário aberto

Ei, só quero fazer algo pra você, pra que não possa me esquecer
Te marcar, te dizer que não está sozinho, estou aqui pra te acolher
No sorrir ou no sofrer, serei seu ombro amigo, irei sempre te entender
Te entender, te entender, irei sempre te entender

Eu acordo no meio da noite sem conseguir adormecer
Pego um suco na geladeira, colo na sala e ligo a TV
E outra vez começa chover, ouço as gotas no telhado
É sempre um DeJavu pra mim esse momento solitário
Olhando pela na janela, irmão, tento enxergar
Algo através da noite até a tempestade passar
Pra mim tudo ainda é cinza mas eu vejo bem a quebrada
Os bico posado nos mano da esquina enquanto rola a madrugada
Trás Chá, bebida e pó, pó bebida e Chá
Fim da noite, muitos sós mó vontade de voltar
Cada dia que passa, eu sou testemunha de uma certeza
Que a vida é uma poesia por mais criminosa que ela seja
Tanto na rua, pela viela, com um verde na mente já chapado
Ou observando seu mundo cair no retrovisor do Fusion roubado
Eu tenho parceiro que anda armado, tenho truta que trafica
Eu tenho mano revoltado, eu vivo com todo tipo de vida
Que dar conselho pra que? deixa o malokeiro ser feliz
Não vou tentar ensinar o que eu nunca aprendi

Não sei se quero alguém que me entenda, ou alguém que possa me ouvir
Ou alguém que me deixa sozinho pra eu poder voltar a dormir

Ei, só quero fazer algo pra você, pra que não possa me esquecer
Te marcar, te dizer que não está sozinho, estou aqui pra te acolher
No sorrir ou no sofrer, serei seu ombro amigo, irei sempre te entender
Te entender, te entender, irei sempre te entender

A noite parece tranqüila pra curtir e dar umas risadas
Alguns tiros são disparados e fim de outra festa de quebrada
Eu já esperava, as vezes isso acontece
Mas deixo a cena no gelo, volto pra casa e escrevo um Rap
É como tentar levantar uma barreira contra a intolerância
Assim me mantenho firme mesmo perdendo as esperanças
Com minha mente inclinando pra um lado, eu jogando ela pro outro
Ouço vozes la fora, o frio me chama pra rua de novo
Só vagabundo ao redor da fogueira, agente brisa e fala besteira
E dessa forma esquecemos problemas que durariam a noite inteira
A rua é outra família com praticamente o mesmo valor
Certos erros não podem vazar, mas no fundo é pelo amor
Se ela um dia enfraquecer ,neguinho, nós vai concertando
Mesmo ondas quebrando nas pedras, ainda pertencem ao oceano
No sorrir, no sofrer, eu continuo enxergando
Dentro de cada olho, um espírito gritando

Ei, só quero fazer algo pra você, pra que não possa me esquecer
Te marcar, te dizer que não está sozinho, estou aqui pra te acolher
No sorrir ou no sofrer, serei seu ombro amigo, irei sempre te entender
Te entender, te entender, irei sempre te entender

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