Jari terres

No coração do meu pago

Jari terres
Lá no alto
Quase bem perto do céu
Um caseril de arquitetura portuguesa
Contrasta o branco das paredes seculares
Aos jasmineiros, pedras mouras
E hortênsias, a velha quinta

Frutifica caducando com
Esperanças de ameixas e pessegueiros
E um negro antigo frente a porta do galpão
Aperta a cincha de um mouro maçanilha
Um vento manso traz carícias de veraneias
Guardando sonhos que restou da primavera
Só pra cantigas entre as folhas da parreira

E varre as pedras que molduram o chão de terra
Pela varanda a dança dos beija-flores
Faz contraponto ao bailado das abelhas
Sobram silhuetas das sombras lá do potreiro
É o manifesto de um potro escondendo orelha.

Cantam cigarras na triarca das figueiras
E nas paineiras um orneiro ergue seu rancho
Algum aviso no bico de um quero-quero
Chega de longe num ressábio de carancho
O brete cheio anuncia as tesouras
Esquila antiga no sotaque do martelo
E em cada velo a certeza de uma herança
Ponchos cardados amenizando o inverno

Verde assim meu velho pago
Vista alegre
Nos lumes de uma manhã de janeiro
Me faz pensar que alguma deusa enfeitiçada
Me inspirou pra este cantar chamameceiro

Encontrou algum erro na letra? Por favor envie uma correção clicando aqui!