Romance fronteiro
Juliano gomesRumo aos floreios de um rancho aonde mora minha linda.
Meu pingo baio escarceia num tranco de madrugada
Gasta distância de léguas, buscando o rumo e mais nada.
Um vento bom de saudade me assopra das laranjeiras
Me adoça a estrada comprida e por nada a vida inteira.
Meu coração de campanha parece que sabe a volta
Chega bem antes de mim, conhece o atalho e se solta.
Quem tem a alma nos olhos de uma florzita de campo
Faz das estrelas da noite um lume de pirilampo.
E junta o silêncio claro de basto, espora e barbela
Com um assobio compassado, sonando coplas pra ela.
Pelo acalanto do vento de desce desde a coxilha
Minha saudade se achega e assim no más desencilha.
Um mate é quase um saludo no doce-amargo de um beijo
Pelo carinho das mãos e um jujo bom de poejo.
Trouxe de tiro esta lua num riso em quarto crescente
Só pra alumbrar os olhos negros da noite que cai silente.
Se enfeita minha primavera com a flor do meu rincão
E um canto de chimarrita que encanta o meu coração.
Canto um romance fronteiro desses que a noite ainda encobre
Nos alvoroços de um pala minguado de rima pobre...
Quedando a noite serena que prometia um abraço
E ela de pala no ombro sonhando aqui nos meus braços.