Juliano moreno

Coplas de mãos e cordas

Juliano moreno
O destino é fio de tempo
Tecendo alinha da vida
Falquejada e cerzida
As palmas das minhas mãos
O couro cru das marcações
Que ao futuro acinzela
E nessas marcas revela
A essência da criação

Nas mãos hábeis do guasqueiro
A lonca se torna tempo
Trançada no couro bento
Das boiadas missioneiras
Na nuvem de povoadeira
E o estouro seco da armada
Nascem bois na terneirada
Pelo ofício da mangueira

A vida é trança de laço
Em rodilha e redondilha
Tem armadas e presilhas
Mas por pouco se arrebenta
Em seis tentos se sustenta
Só pra costear o destino
Da guitarra que eu afino
Se o potro coração senta

Tantas mágoas eu sovei
Por essas quadras de tempo
Quando a garoa com o vento
Vez do pealador um sustento
Por vezes um musiqueiro
Com lampejos de cigarra
Bordoneando uma guitarra
Num ritual galponeiro

Hoje o tempo é retrançado
Tenteando a tarca do dia
E o fulgor das três marias
Luzindo sobre a cancela
Se uma flor pontei pra uma bela
No talabarte no pinho
Foi pra mostrar meu carinho
Serenateando na janela

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