Laranja oliva

Rua dos injustiçados

Laranja oliva
Acorda todo dia com o nascer do sol de despertador
O feixe de luz entre a telha do teto sem forro e velho
Veste seus sapatos furados e toma o café:
Leite puro com um terço de pão duro e um pouco de mel

Vai pra obra onde trabalha andando só
Mesmo garoando, ventando ou nevando sempre a pé lá
Rala duro até o anoitecer e faz hora extra
Pra comprar o remédio de sua avó faz o que lhe resta

Por que nem tudo é justo nessa vida não?
Morre-se sem fazer o que podia, sem dizer o que queria
Foi em vão

Acorda todo dia em sua mansão a hora que quiser
Tem tudo arrumado, engomado e empregados de fé
Reclama no almoço que o salmão tá ruim e o caviar
Foi servido de modo errado “retardado, troque já!”

Vai para balada, ele “tira onda” e cheira pó
Sai fudendo com o seu carrão esporte queimando sem dó
Resolve “tirar uma onda” com os camaradas
“Passa perto daquele cara e dá uma buzinada”

Por que nem tudo é justo nessa vida não?
Morre-se sem fazer o que podia, sem dizer o que queria
Foi em vão

O muleque desgovernado atropelou o cara
Que já ali deitado olhado pra sua cara
“Entregue esse remédio pra minha avó
Na rua dos injustiçados, número daqui pra melhor"

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