Lucas ramos

Acorrentado

Lucas ramos
A segunda guerra foi o bastante
Pra me provar do que sou capaz
A barbaridade pode num instante
Aparecer em nome da paz

E o surrealismo já não parece
Tão assustador assim
Toda a esperança se esvaece
A realidade é só o fim

Você me desculpe o pessimismo
Se os dias não me fazem sorrir
A vida não costuma fazer sentido
Por alguma razão eu quero descobrir

Cansei de buscar algum caminho
Hoje só me preocupo em não morrer
Ser superficial não é destino
Mas também muito menos é apodrecer

Em todas as mentes, em todas as casas
Há uma gota de imensidão
Em todas as pessoas que nascem com asas
Há um delírio movido à paixão

Se é oblíquo ou escuro
Isso tudo não me interessa
E se tudo fica pro futuro
Eu também não tenho pressa

Mas há alguma coisa dentro de mim
Que me diz que nada muda
Um cão acorrentado querendo fugir
E clamando por ajuda

E já não me assusta recriar
Essa figura na imaginação
O meu alter ego está adoentado
É ele quem vive na escuridão

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