Mahalab

Inundação

Mahalab
Inundação
Mahalab

E foi quando caiu o pano das janelas e o sol cascateou
Sobre a sala entre os grandes batentes da alma
Que entendi que a prisão em que estava doía
E pior do que tudo, que com ela eu colaborava
Mas saber desse jorro maior
E do céu que azulava a manhã
E até o próprio pó
Que eu pisava

Me invadiu como cavalos, estepes e um doce horizonte
Pousou a mão de meu pai sobre minha cabeça
E soprou em meu peito a maior voz que aquela terra
Nunca tinha suposto ventar sobre si
Me despi, me pintei e saí
Em meus olhos um grito brilhou
Minha alma alegrou
A praça da aldeia

E tomado de cor inundei um país
Reuni meus irmãos, meu amor, minha raiz

E se a brisa que bebo nas frestas que enxergo
Me contou que, sem medo,
Meu destino é abrir as fendas na vida
É deixar de ser alguma promessa
Enxergar no amanhã meu irmão
Colocar mel e passas no pão
É frutificar
Mil jabuticabeiras

E tomado de cor inundei um país
Reuni meus irmãos, meu amor, minha raiz

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