Menino bradinho
Marcos ferreiraDe uma mulher rompida bruscamente
Por alguém que não conhecia
Humilhada agora odiava um ser
Que não tinha culpa por estar ali
Crescendo lentamente na barriga de sua vergonha
Nove meses tentou mas o destino não abortou
O choro perdido de um ser indefeso
Nascendo um rasgo de ódio dentro daquela mulher
As feridas em seu corpo eram menores
Que as chagas no soluçar de sua alma
Dentro da mulher que aprendeu a chamar mamãe
Longos dias passaram
Tristes lembranças ficaram
E a palavra amor nunca foi mencionado
O menino um dia partiu... Fugiu
Mendigando foi achando forças pra seguir
E o tempo envelhecer... O rosto mudar... Sem esquecer
A mulher feliz viu o tempo passar
Mas com o tempo uma doença chegar
E despreparada chorar
Uma grave doença chegou
E apenas uma frágil mulher restou
Sozinha e condenada a morrer
De longe o menino Bradinho descobriu
Que só ele a poderia salvar
Não pensou duas vezes e se entregou
E o menino antes de morrer
Chorou... Chorou... Chorou... Dizendo
Mamãe eu vou morrer pra você continuar a viver
E assim doou seu coração
Pra continuar a viver
No corpo de quem sempre amou
Nove horas de agonia
E seu coração salvou
Uma mente que jamais teve compaixão
A mulher queria agradecer
Mas quando descobriu
Apenas chorou... Chorou... Chorou... Chorou
E o perdão ficou preso na garganta
E no túmulo desabafou
Meu filho! O destino foi quem te abortou
Chorando e olhando para o céu confessou
Meu filho perdoe mamãe
E uma chuva fina caiu do céu azul
E uma flor voando cai em suas mãos
E um arco iris finaliza a canção
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