Nícolas wolaniuk

O soldado e a bailarina

Nícolas wolaniuk
Se, porque, te quero tanto
Queres que te queira mais
Se te quero mais que a vida
Que mais queres?

A bailarina olhava o soldado
Enrodilhava o cabelo entre os dedos
Ele, apenas de solidão trajado
Rijo como um bastardo sem segredos
Mirou nela seu alvo enviesado
Sobre ela pesou o olhar quedo
Como um navio que no cais atraca
Forte o chumbo, a porcelana fraca

Deu-se ao soldadinho a bailarina
Fez-lhe um laço de seu coque de filó
E o soldado se desfez da botina
E os corpos se enrolaram como um nó
Mas o amor dela era como a neblina
Que o tempo ligeiro reduz a pó
Se descoseu para tecer o dia
De manhã, feito névoa, vanescia

A noite inevitável caiu
E fez desamparo em todo canto
Trazia na correnteza de seu rio
Da solidão, o triste encanto
O soldadinho olhava o vazio
E via a bailarina entretanto
Que dentro do amor, o amor se encerre
Longo o chumbo, a porcelana, leve

Se, porque, te quero tanto
Queres que te queira mais
Se te quero mais que a vida
Que mais queres? Queres mais?

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