Voz sem medo

O cinzento

Voz sem medo
Atravessa cinzento aqui pra dentro sem colete
Vai cair de joelhos beijando o meu tapete
Aprende a respeitar casa de vagabundo
Que ta daquele jeito disposto a tudo nesse mundo

Eu plantei dinamite no quintal de casa
Chateei na segurança quero tipo a nasa
Reforcei o armamento, arsenal de quadrilha.
No ataque, defesa, treinamento de guerrilha.
Gambiarra na cerca de arame farpado
Liguei na rede elétrica pra dá choque no soldado
Vai cair que nem chumbo quem mandou bancar herói
O kojac já foi branco agora é preto que nem nós
Detector de presença ultrapassou, ele apita.
Só faltou muro alto, comigo na guarita.
De escopeta na mão, atento na sirene.
Quando vim bater de frente quero ver quem é que treme
A chave, a senha, no ato mostra madado.
Se entrar sem permissão, juro que eu mato...

Atravessa cinzento aqui pra dentro sem colete
Vai cair de joelhos beijando o meu tapete
Aprende a respeitar casa de vagabundo
Que ta daquele jeito disposto a tudo nesse mundo

Invadiram meu barraco picotaram meu colchão
Caralho cadê meu dinheiro, atiraram no meu cão!
Comeram beberam tem recado na parede
Amanhã vamos voltar só aumento a sede
Cinzento do caralho quer beber meu sangue!
No jornal o que saí: morto na guerra entre gangue
155, 157, 121, artigo 12.
Vão forjar um ?latrô? e mentir fazendo pose
Paguei o que devia já me reabilitei
Não vou voltar pro crime pra sustentar vocês
Com propina pedágio, dinheiro falsificado.
Pra gastar com sua puta no conic todo sábado

Atravessa cinzento aqui pra dentro sem colete
Vai cair de joelhos beijando o meu tapete
Aprende a respeitar casa de vagabundo
Que ta daquele jeito disposto a tudo nesse mundo

Um dia um cinzento me parou me tratou bem
Depois desse santo esbarrei com mais de cem
Tudo pilantra, louco mal intencionado.
Se tivesse sozinho... já era finado
Doente de vontade preparado pra morrer
Fiz yoga, jejuei pra mente fortalecer.
Se tivesse um avião, seria kamikaze.
Suicida consciente, o preto aqui tem base.
Na cadeia eu aprendi que o crime não compensa
Depois que ouvi do juiz minha sentença
Eu saí do presídio continuo criminoso
Perseguido, pressionado a fazer tudo de novo.
A minha cara é essa, bisturi não faz concerto.
Biótipo de bandido, ódio dentro do peito.
O crime é que nem creme
Com ele muita gente rica geme
O crime não é o creme
Com ele só pobre sofre e treme

Atravessa cinzento aqui pra dentro sem colete
Vai cair de joelhos beijando o meu tapete
Aprende a respeitar casa de vagabundo
Que ta daquele jeito disposto a tudo nesse mundo

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