Anima mea

Daniel na cova dos leões 2

Anima mea
Era sim um garoto como eu e você e todos nós
Que cresceu ouvindo o Renato, o Gessinger e os Rouxinóis
Na sua voz, descobriu um meio de vencer
E a alegria encontrou nas canções que começava a escrever

Mas a vida se prestou a lhe pregar umas peças
Não sei bem o porquê, talvez, pra entristecer canções felizes como essa
Posto que, ainda jovem, a morte o seu pai levou
E pra batalhar na vida, decisão foi dura, a música abandonou

De dois irmãos mais novos precisava de cuidar
E mesmo ferido, a dor da mãe teve de amparar
Mas ele era só um garoto, como eu, você e todos nós
Que a vida cuidou de sufocar a sua própria voz

Força era o que ele mais precisava dali em diante
Um primeiro câncer quase leva sua mãe, era preciso ser gigante
E usar toda a sua força, mas de onde a buscaria?
No estudo ele a buscou, formou-se bacharel em engenharia

A vida não desistia de colocar pedras no seu caminho
Quando perdeu sua mãe, num segundo câncer, ficou sozinho
Pra manter a toda a estrutura da família de pé
E cuidar dos seus irmãos, como ainda ter fé?

Ele era só mais um garoto como eu, você e todos nós
Que a vida ainda insistia em calar a sua forte voz
No caminho tortuoso, o que ele não contava
É que, ao chegar trinta e três, seu próprio câncer o esperava

Sem acreditar na vida e na cura, de que adiantaria
Carregar a cruz, o fardo da quimioterapia?
Penoso tratamento que quase o mataria, quase
E ao final, com uma severa pulmonar embolia
Mas na montanha russa de sua vida
Depois dos furacões, finalmente a calmaria

A cura chegou
O sorriso voltou
E a música reencontrou
Ele não era só mais um garoto como eu, você e todos nós
A vida bem que tentou, mas não calou a sua forte voz

Deixaram o Daniel na cova dos leões
Ele saiu de lá, de pé, pra espalhar suas canções

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