Cenair maicá

Da terra nasceram gritos

Cenair maicá
Mataram meus infinitos
e me expulsaram dos campos
Da terra nasceram gritos,
Dos gritos brotaram cantos!

E me fiz canto
De tropeiros e ervateiros
Rasgando sulcos,
Com arado e saraquá
Nas alpargatas dos "quileiros"
e "chibeiros",
Andei as léguas
De Corrientes e Aceguá!

Meu canto é rio,
Meu canto é sol,
Meu canto é vento,
Eu tenho berço, Eu tenho pátria,
Eu tenho glória,
Eu só não tenho terra própria
Porque a história
Que eu escrevi,
Me deserdou no testamento!

Entretanto - bem ou mal,
Não me emociono,
Com os que combatem
As verdades do meu canto
Sem ter direito de comer nem o que planto,
Só não entendo é tanta terra
E pouco dono!

Mas mesmo assim,
Tenho pra dar um outro tanto,
Se precisarem do meu sangue
Noutra guerra
Mesmo sem terra,
Hei de voltar grito de terra,
Pelo milagre
Das espigas do meu canto!!!

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