Andapago
Luiz marencoSilhueta poncho e horizonte,
Um semblante de setembro
Falquejado sobre a fronte,
E um malacara gateado
Da mesma doma de tantos,
Que as estâncias da fronteira
Andam juntando dos campos.
Por certo conheceria
Dom Macedo, o índio vago,
Desses que a lida e a estrada
Batizaram de andapago,
Que transita sobre os lombos
Na dimensão das distâncias,
Desencilhando suas domas
Pelos galpões das estâncias.
Asas de poncho e sombreiro
Pra os desmandos da garoa
Olhos de longe pro campo
Até as margens da lagoa
Nas mãos as rédeas de oito
Nos pés as botas surradas
Estribos, esporas gastas
De tantos potros e estradas.
Pampa de verde estendido
Nublado pra um tempo feio,
Gateado pateando o várzea
Na inquietude do freio,
Num vulto vindo de longe
Com légua e tanto de ausência,
Desde o sombreiro até os cascos
Taura, encilha e querência.
Horizonte que em outros tempos
Vestiram as sombras da tarde,
Hoje retrata entre garças
E quero-queros de alarde,
O malacara gateado
Numa silhueta de pampa,
Dom Macedo, pra quem olha
Um andapago na estampa.
Asas de poncho e sombreiro
Pra os desmandos da garoa
Olhos de longe pro campo
Até as margens da lagoa
Nas mãos as rédeas de oito,
Nos pés as botas surradas,
Estribos, esporas gastas
De tantos potros e estradas.
Dom Macedo pra quem olha
Um andapago na estampa.
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