Paulo mattos

Negra noite

Paulo mattos
Depois da corneta, o tiro
Um gritedo dos mais longos
Chega a tropa imperial
É massacre nos Porongos

Aos 14 de novembro
Anoitece bem mais cedo
Mancha escura sobre o pampa
Marca o golpe sobre o cerro

Negra noite, negra alma castiga todo silêncio
Que habita em nosso legado e nos faz arrepiar o pelo
Trazendo à tona verdades de um povo tão sofredor

Nessa história mal contada cujo herói trata o desfecho
Sem pena manda o recado e desarma o Lanceiro Negro
Negando o dom da promessa de um mundo libertador

(O negro agora reescreve a sua história
Pois foi traído pelas páginas de glória
O negro luta pela própria liberdade
Busca a verdade que o castiga na memória)

Na senzala do destino
Como um beco sem saída
Tô num mato sem cachorro
E a lança foi minha vida

Anseio por liberdade
Visto algemas desde moço
Trago a adaga na cintura
Já com a corda no pescoço

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