Thiago amud

A marcha dos desacontecimentos

Thiago amud
Pra me desanuviar da culpa
Condenei a cristandade
Conspirei contra a cultura

Quando o peito abriu pra piedade
Destilei cinismo ralo
Pra poder beber no Baixo

Para me evadir das evidências
Repeti relativismos
No que fui muito aplaudido

Como o sofrimento me enfadasse
Engajei-me numa ONG
Dei abraço na Lagoa

Para que o assombro da verdade
Não doesse quase nada
Reclamei cidadania

Quando uma memória me exigia
Contrição ante o sagrado
Apertei um baseado

Sou da legião, peço passagem
Ponho o rancho na avenida
Taco a vida na voragem

Para aliviar a consciência
Transtornei meu livre arbítrio
Num instinto de toupeira

Como o meu projeto não vingasse
Rebelei o baixo ventre
Descobri-me comunista

Pra vogar na crista da história
Recortei o meu destino
Como manda o figurino

E se a criação me revelasse
A mão suprema que a sustenta
Eu tinha um plano de imanência

Pra glorificar minha vontade
Eu desconstruí o mundo
E pus o mundo na linguagem

Quando fulgurou a Parusia
Gracejei, pois bem sabia
Que era mais uma palavra

Sou da legião, peço passagem
Ponho o rancho na avenida
Taco a vida na voragem

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