Eriko alvym

Bala perdida

Eriko alvym
As minhas botas encharcam o eco
da chuva que escorre pelo gueto,
as janelas fechadas escondem o medo,
quem é pai sabe: esta é a guerra
em que o filho se vai, o destino é cedo.

Como pude chegar assim tão longe?
Olho atrás e vejo só as estátuas
dos meus semelhantes desfazendo em chamas,
a fome e a droga são a única verdade
de um garoto sem casa que a propaganda esqueceu.

As minhas botas arrastaram viola e mulher,
hoje estradeio soltário - calado de amor,
a mulher pertence a outro, o amor sé tem sentido
se é real, deixei perdidos a carne e o desejo,
cuido de desenhar os sonhos dos meninos sob a marquise.

Aonde o sofrimento leva a mãe ao pé da cruz
eu abro o que restou da minha sorte
no manto que os ventos esfarrapam,
quem é mãe sabe que o condenado
é só um menino que precisa de calor.

As minhas botas caminham na lâmina do eco
eu sei que a mulher se foi sem adeus,
só me resta afastar das balas perdidas
o menino que vaga ouvindo a fome e a droga
chamando quem ainda não morreu.

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