Gabriel tupinambá

À deriva, ou carta a um amigo

Gabriel tupinambá
Em dias como esse
Em que tá tudo nublado
Eu penso naquelas mulheres
Que eu chamo de passado

E tomo café

Eu gosto de tentar entender
Como alguma coisa fica pra trás
E de repente não é mais uma coisa
E por isso mesmo já é muito mais
E porque eu não tenho mais a tua boca
Só os lábios da memória a me sussurrar

Você está à deriva
Você está a deriva

Mas não é tão ruim, vai lá
Estar em mar aberto em qualquer lugar

Quando eu saía com a bia
E a gente ia transar
Eu só pensava em que fórmula mística
Permitiria eu guardar

Um pedaço dela

Mas ah, o trajeto que eu faço
Na indelével água do mar
Que está sempre num tempo pretérito
Ou num futuro anterior
E que nunca me deixa voltar
É o que me faz navegador
E eu estou aqui.

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